domingo, 23 de agosto de 2015

Gray Hair and Make Up






A Geração que tudo idealiza e nada Realiza


Demorei sete anos (desde que saí da casa dos meus pais) para ler o saquinho do arroz que diz quanto tempo ele deve ficar na panela. Comi muito arroz duro fingindo estar “al dente”, muito arroz empapado dizendo que “foi de propósito”. Na minha panela esteve por todos esses anos a prova de que somos uma geração que compartilha sem ler, defende sem conhecer, idolatra sem porquê. Sou da geração que sabe o que fazer, mas erra por preguiça de ler o manual de instruções ou simplesmente não faz.
Sabemos como tornar o mundo mais justo, o planeta mais sustentável, as mulheres mais representativas, o corpo mais saudável. Fazemos cada vez menos política na vida (e mais no Facebook), lotamos a internet de selfies em academias e esquecemos de comentar que na última festa todos os nossos amigos tomaram bala para curtir mais a noite. Ao contrário do que defendemos compartilhando o post da cerveja artesanal do momento, bebemos mais e bebemos pior.

Entendemos que as bicicletas podem salvar o mundo da poluição e a nossa rotina do estresse. Mas vamos de carro ao trabalho porque sua, porque chove, porque sim. Vimos todos os vídeos que mostram que os fast-foods acabam com a nossa saúde – dizem até que tem minhoca na receita de uns. E mesmo assim lotamos as filas do drive-thrru porque temos preguiça de ir até a esquina comprar pão. Somos a geração que tem preguiça até de tirar a margarina da geladeira.
Preferimos escrever no computador, mesmo com a letra que lembra a velha Olivetti, porque aqui é fácil de apagar. Somos uma geração que erra sem medo porque conta com a tecla apagar, com o botão excluir. Postar é tão fácil (e apagar também) que opinamos sobre tudo sem o peso de gastar papel, borracha, tinta ou credibilidade.

Somos aqueles que acham que empreender é simples, que todo mundo pode viver do que ama fazer. Acreditamos que o sucesso é fruto das ideias, não do suor. Somos craques em planejamento Canvas e medíocres em perder uma noite de sono trabalhando para realizar.
Acreditamos piamente na co-criação, no crowdfunding e no CouchSurfing. Sabemos que existe gente bem intencionada querendo nos ajudar a crescer no mundo todo, mas ignoramos os conselhos dos nossos pais, fechamos a janela do carro na cara do mendigo e nunca oferecemos o nosso sofá que compramos pela internet para os filhos dos nossos amigos pularem.
Nos dedicamos a escrever declarações de amor públicas para amigos no seu aniversário que nem lembraríamos não fosse o aviso da rede social. Não nos ligamos mais, não nos vemos mais, não nos abraçamos mais. Não conhecemos mais a casa um do outro, o colo um do outro, temos vergonha de chorar.

Somos a geração que se mostra feliz no Instagram e soma pageviews em sites sobre as frustrações e expectativas de não saber lidar com o tempo, de não ter certeza sobre nada. Somos aqueles que escondem os aplicativos de meditação numa pasta do celular porque o chefe quer mesmo é saber de produtividade.
Sou de uma geração cheia de ideais e de ideias que vai deixar para o mundo o plano perfeito de como ele deve funcionar. Mas não vai ter feito muita coisa porque estava com fome e não sabia como fazer arroz.

Faxina na Alma



Sabe aquele amigo sempre indisponível para você?  Coloque-o no lixo reciclável junto com as garrafinhas pet. Sabe aquele outro amigo que se acha o máximo?  Faça o mesmo.
Muitas mulheres tiram o domingo para faxinar a casa, lavar a roupa. Desencostam móveis, saem à caça da poeira escondida, enceram o piso, limpam os vidros, retiram da geladeira e armários os produtos vencidos.
Da mesma forma que dedicamos parte do nosso tempo a limpar e a organizar onde vivemos, deveríamos regularmente faxinar a alma. Jogar fora emoções com data de validade vencida. Sacudir a poeira de mágoas que ficaram debaixo do tapete. Dar um lustro nas nossas qualidades positivas. Varrer para fora de casa gente que não acrescenta. E no final do dia, se servir de uma taça com alguma coisa qualquer, espalhar-se no sofá da sala e admirar como você trabalhou bravamente para viver num lugar mais harmonioso e seu. Se sujeira e bagunça incomodam o bem estar, imaginem quando o local sujo e bagunçado é o nosso coração?
Sabe aquela sua mania de concordar com as baboseiras que os outros dizem para ser educado? Jogue no lixo com o molho inglês vencido. No lixo não reciclável. Sabe aquele tique nervoso de tentar justificar todas as babaquices que fazem contra você? Jogue no triturador e deleite-se com o barulho do mau hábito sendo esmigalhado.
Livre-se do sentimento de culpa por ter sido compreensivo e carinhoso com gente sem noção. Pare de se achar o patinho feio problemático porque algumas pessoas incapazes de desenvolver vínculos afetivos ou sem coragem para mantê-los preferiu botar o pé na estrada do que encarar uma relação adulta. Mande pescar em PQP quem não te valoriza ou finge não te valorizar só para não te dar o gostinho de ficar feliz. Pare de perder o seu tempo com atividades que não dizem respeito a você.
Não se prive de uma boa risada porque tem gente que sofre de mau humor crônico. Não abandone numa gaveta qualquer uma roupa que você adora porque disseram que ela não está na moda. Não deixe de mergulhar de cabeça num projeto delicioso porque ele não dará dinheiro. Não se sinta pequeno porque você não é exatamente o que as pessoas esperam que você seja. Não se envergonhe das suas dificuldades e nem faça as pessoas se sentirem culpadas por terem problemas. Fale em primeira pessoa. Assuma o controle da sua vida e acolha quem deseja fazer parte dela positivamente.

Entulho emocional e gente nociva são as substâncias mais cancerígenas que existem. De nada adianta se exercitar todos os dias e comer muita salada, se nos deixamos envenenar pelo pessimismo, pela maledicência, pela resistência teimosa em manter hábitos nefastos e alimentar sentimentos mesquinhos.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Às vezes é preciso mandar ir à Merda mesmo


Infelizmente, algumas pessoas param de encher o saco apenas quando são tratadas com firmeza e um pouco de ironia. Caso contrário, continuam se achando as maravilhosas do pedaço.
Como defendo, a generosidade e a gentileza devem ser palavras de ordem. Dizer bom dia, boa tarde, boa noite, sorrir, acenar, falar obrigado e por favor, pronunciar um elogio sincero fazem bem para os outros e para nós mesmos.
Por outro lado, paciência tem limites e bondade não é sinônimo de burrice. Às vezes é preciso mandar ir a merda mesmo, alto em bom som caso a pessoa não escute direito ou tenha problemas para abstrair.

Ninguém é obrigado a pensar como ninguém, mas ninguém precisa destilar suas verdades como o veneno mais forte. Ninguém é obrigado a simpatizar com ninguém, mas ninguém tem o direito de jogar tal antipatia na cara dos outros, mas se por acaso alguém desrespeita a opinião alheia, da um show de antipatia ou esculacha por falta de coisa melhor pra fazer ou simplesmente para se sentir menos péssimo consigo mesmo, deve preparar-se para ir à merda. Muita gente acha que é falta de educação dar respostas malcriadas para gente sem noção,que se sente dona da verdade, que quer convencer os outros com argumentos baixos, que finge que não entende para criar polêmica. Acho que essa pessoa perde o direito de ser tratada com educação quando ela é propositalmente idiota.

Mandar ir a merda não significa necessariamente usar estas palavras. Às vezes mandamos a merda com um olhar de desprezo, com uma resposta irônica ou apenas com um constrangedor silêncio. Uma msg não respondida, um convite não aceito podem ser formas bem eloquentes de mandar ir a merda.
O que desejo ressaltar é que não precisamos engolir tudo. Não precisamos levar na cara e achar normal. Ninguém é saco de pancada de ninguém, e se alguém se sente no direito de transformar os outros em sua válvula de escape para o estresse do dia a dia, mande a merda sem a menor cerimônia.

E digo mais: quando o idiota em questão for você mesmo, mande a sua insegurança e os seus traumas e manias irem a merda também! Pode ser bem divertido.

Espero que tenham gostado 😘.